quinta-feira, 18 de agosto de 2016

:: Só temos GRATIDÃO

De repente do riso fez-se o pranto
De repente da calma fez-se o vento, que dos olhos desfez a última chama...
De repente, não mais que de repente, fez-se de triste....*

Dar adeus não é fácil, mas é um momento inevitável. É preciso encerrar capítulos, concluir etapas da vida, fechar ciclos, e para isso precisa-se de coragem. Dar adeus é se desapegar daquilo que um dia já acreditamos, e de todas as expectativas que criamos.

Dar adeus também é se libertar! É compreender que tudo tem um fim, compreender que é hora de um novo recomeço.

Não por acaso curar é sinônimo para encerrar. O recomeço é a chance de se curar, pois assim como a guerra, a vida é feita de batalhas e “é de batalhas que se vive a vida”. Só assim é possível avançar com mais força e com mais garra em busca de novos destinos, novas batalhas, e novas vitórias.

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...**

Ainda não se tem a devida distância para mensurar o que significa a derrota da Seleção Feminina de Vôlei (SFV) na Rio 2016. Mas inegavelmente uma geração como essa é para ser aclamada.

Perder dói!

Dói mais ainda ver Sheilla e Fabiana se despedindo. Foram quase 13 anos de uma incrível história vitoriosa.




Sentiremos falta de tudo!

Fabiana tão absoluta, tão sóbria, tão eficiente, o parâmetro para suas companheiras de posição. Uma gigante em talento, em entrega para equipe, uma líder muito hábil em motivar e influenciar as demais. Fabiana era o esteio dessa equipe.

Sheilla um talento nato, com um estilo tão próprio. Um visível equilíbrio entre força e técnica muito peculiar. Sheilla sempre despertou o reconhecimento de que se tratava de uma atleta diferenciada. Para mim o símbolo dessa geração!

Poucas coisas na vida doem tanto como deixar de fazer o que ama. Mas é preciso saber dizer adeus, meninas. É preciso que vocês se reconciliem com o fim da jornada de vocês na seleção, e entendam que tudo na vida tem uma razão de ser, por mais que não consigam entender, e seja doloroso dizer adeus.

Sejam otimistas: quando algo acaba, é porque outras coisas estão começando. Um novo mundo se abre para vocês.

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez***

No mais só temos GRATIDÃO por vocês !!! 


*SONETO DE SEPARAÇÃO
Vinicius de Moraes

**RODA VIVA
Chico Buarque

***TENTE OUTRA VEZ
Raul Seixas
Compositor: Raul Seixas/ Paulo Coelho/ Marcelo Motta



sábado, 6 de agosto de 2016

:: A FORÇA DE ONDE VEM?

Há muito tempo tudo nesse país girava em torno de futebol, a “pátria de chuteiras”.

Mas isso mudou!

Hoje somos o país do futebol, do vôlei, da natação, do salto com vara, do remo, do basquete, da ginástica, da vela, do judô, da formula 1, do tênis, do handebol, do surf, das argolas, .... de esportes olímpicos e não olímpicos. Somos inclusive um país paraolímpico!

A Cerimônia de Abertura deve ter sido difícil para os que ainda cultivam a “síndrome de vira-lata”, precisávamos retomar um pouco do nosso orgulho.

Na maior passarela de sua vida, ao som de Garota de Ipanema, Gisele Bündchen nos conduziu. Desfilamos para o mundo de forma graciosa, com nossa música, com nossas cores, com o que temos de mais genuíno e característico. Somos um povo solar!

Não se trata de minimizar o sombrio momento que vivemos, se trata de reconhecer que precisaremos de força para nos recompor como nação!



Ao vôlei brasileiro é a oportunidade definitiva e inegável de se impor. De forma incontestável como potência.

Não vejo em nossos times um talento individual que salte os olhos. O que é bom!

Reforça que será a força do time, o diferencial na jornada em busca do Ouro. O talento individual vai aparecer no decorrer dos Jogos. Eu tenho convicção disso!

Mas essa força de onde vem?

Vem da arquibancada, vem dos milhões de torcedores, vem fundamental de cada um desses atletas. Cada um deles é consciente de sua jornada até aqui. As glórias de autrora não foram acasos, foram degraus sólidos onde se construiu uma história.


O que espero do vôlei do Brasil é exatamente o que podem me dar: orgulho e principalmente sua demonstração de força.

Obs.: Todas as imagens que ilustram texto foram inseridas em forma de links, estando disponíveis na web.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

:: TODA UNANIMIDADE É BURRA

A frase que dá título ao texto é de Nelson Rodrigues, famoso dramaturgo brasileiro. Embora muitos digam que ele se baseou na obra de Nietzsche, prefiro interpreta-la como sendo que nada é absoluto, muito menos a unanimidade.

Quando você faz sucesso, quando colhe bons frutos, quando se torna parâmetro para uma determinada coisa.... você se vê nessa situação: de ser praticamente uma unanimidade.

Vejamos alguns exemplos: Fernanda Montenegro é praticamente unanimidade, Ayrton Senna também. A seleção de 70 do tri. A Glória Pires é não é? A Ivete Sangalo pode ser considerada também, afinal quem não gosta dela? Vejamos mais: Pelé, rei do futebol, O Rei Roberto Carlos, Xuxa, rainha dos baixinhos, Daniela Mercury, rainha do axé, Hortência, a rainha do basquete ... a são muitos reis e rainhas e nem vivemos numa Monarquia.

Sabe outra personalidade que costumava ser uma unanimidade: Bernardinho.



Posso estar enganada, mas de imediato não me lembro de outro técnico que tenha ganho esse status de forma tão clara.

Bernardinho virou sinônimo para muitos aspectos do esporte: planejamento, audácia, trabalho, vitória, conjunto, time, equipe, títulos, medalhas, recordes, excelência, expertise, motivação, parâmetro..... a lista é longa.

O que me faz lembra de Felipão! SIM !!!!!! Felipão.

Felipão quando foi para a Copa de 2002, foi segundo os especialistas da época “para cumprir tabela”, teve peito de não levar o Romário, mas bancou o Ronaldo Fenômeno, criou a Família Scolari, voltou de lá com o título.

Mais de 10 depois ele tentou usar a mesma fórmula, assim disseram os especialistas. Criou a Família Scolari versão 2014. Barrou Ronaldinho Gaúcho e Kaká, depositou sua confiança em Neymar e em nomes menos conhecidos e temos agora “7 x 1” para chamar de nosso.

Do céu ao inferno!

Querem fazer o mesmo com o Bernardinho.

“Desastre anunciado”

“Panelinha de puxa-sacos”

“Muito marketing, e pouco vôlei”

Os elogios se foram! Sua competência (sempre enaltecida) agora é questionada sem pestanejar. Dá escalação, aos cortes de atletas. Suas declarações são questionadas, sua altivez ao lado da quadra já não agrada mais.

Bernardinho ao olhos de quem o elogiava, HOJE já não é parâmetro para (quase) nada.

"Embora não concorde com nenhuma das palavras que estais dizendo, hei de lutar até a morte para que tenhais o direito de as dizer", a frase de O Águia de Haia remete a tolerância.

Vejam, eu não considero um “problema” criticar a campanha da Liga Mundial, ou até mesmo do Pan de Toronto, o “problema” (na minha concepção) está nesse discurso retirado de algum episódio de The Walking Dead.

Não consigo prospectar esse desastre todo, muito menos creditar ao Bernardinho todo esses revezes que a Seleção Masculina vem tendo. Não se enganem, eu discordo de algumas decisões dele.

Mas por onde anda a tolerância de parte dos especialistas? Incluo aqui também parte da torcida, onde está?

Onde está aquela confiança dada a ele nos áureos tempos? Para onde ela foi?

Caiu por terra exatamente quando? Foi em Londres, ou na última Liga Mundial?

Você pode estar pensado: “Faltando 1 ano para a Olimpíada, ela vem falar de tolerância?”



Sim eu venho! Venho porque como eu disse acima, não consigo vislumbrar que em 2016 faremos feio em casa. Porque se tem uma coisa da qual eu tenho certeza, é que aquele “7 x 1” é muito mais de que uma lição. Aliás uma lição velha para o voleibol brasileiro.

Bernardinho é da geração de prata, era ele o técnico da Seleção Feminina no Mundial de 1994, e de Atlanta em 1997. Era ele também o técnico da Seleção Masculina no Pan de Santo Domingo.

A única coisa que consigo projetar para 2016, é que veremos um Bernardinho (e seus comandados) dando a vida, para fazer do Rio de Janeiro o palco de encerramento de um ciclo vitorioso para o vôlei masculino.


Nesses anos todo aprendi uma coisa: não se deve duvidar de uma equipe treinada pelo Bernardinho.

Obs.: Todas as imagens que ilustram texto foram inseridas em forma de links, estando disponíveis na web.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

:: FOFÃO, EXEMPLO DE RESILIÊNCIA

O clima era de despedida, mas nada de tristeza, tudo estava regado de alegria. A festa era da Fofão, mas ver jogadoras de diversas gerações fez com que a festa fosse de todas elas.

A máxima “você não consegue fazer 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos”, definitivamente não se aplica a Fofão. As manifestações de carinho e respeito por ela foram a tônica do jogo de despedida, realizado no último dia 24 de maio em São Caetano/SP.


(Foto: Cinara Piccolo/Divulgação) - Globo.com 

Da geração que desbancou a equipe Peruana à geração do Bi-Olímpico, todas de alguma forma estavam lá. Personificadas por atletas que nos enchem de orgulho e alimentam nosso amor pelo vôlei.

Fofão dedicou quase três décadas ao vôlei, sua paciência, tolerância, persistência e resiliência deram à ela um (justíssimo) capítulo na história do vôlei brasileiro. Fofão nesse período ajudou, a moldar atletas, e a preparar gerações.

Do bronze de Atlanta ao ouro de Pequim, Fofão foi (porque não?) a linha condutora. Não interessa se era titular ou reserva, a questão é que ela sempre esteve entre as doze, foi a figura constante.

E foi através de suas mãos que o Brasil definitivamente se tornou a equipe a ser batida. Passamos de referência, a parâmetro para o mundo.


(Foto: Cinara Piccolo/Divulgação) - Globo.com 

A longevidade de Fofão não matou gerações de levantadoras, ela só confirma que talentos como ela não nascem aos montes. E que principalmente só talento não garante título, e muito menos sucesso.

É mais um ídolo que se despede das quadras, deixando uma história rica e bem sucedida.

Valeu Fofão !

Obs.: Todas as imagens que ilustram texto foram inseridas em forma de links, estando disponíveis na web.

domingo, 26 de abril de 2015

:: RIO DE JANEIRO: DEZ TÍTULOS E UMA CERTEZA = FOFÃO

O clássico entre os times do Rio e Osasco falam por si, mas um clássico entre eles numa final, sempre rende boas histórias e ensinamentos.

Só por ser a partida de despedida da Fofão já faz com que celebremos. Uma atleta que pacientemente soube esperar sua hora, o seu momento. Encerra sua jornada de forma triunfal, e registra seu nome na história do vôlei brasileiro. Mas deixemos Fofão por hora de lado, pois ela merece um post só para ela. E de uma certeza eu tenho, mesmo do alto dos seus 40 e poucos anos ela ditou o rumo da partida.

Voltando a partida, foram duas semanas de preparação. Rio chegou favorito pela campanha, e Osasco chegou como favorito pela reta final da Superliga, se achou. Visivelmente tinha um time mais coeso, e mais equilibrado que no ano passado. Os dois eram favoritos, não se iludam!

Não sei se a derrota da Sesi na semi do ano passado realmente foi bem assimilada, mas também isso não faz diferença agora. Osasco hoje, perdeu em quadra e não antes!

O Rio de Janeiro é um time, uma equipe, um grupo muito bem treinado! Bernardinho valoriza o conjunto, dá a devida atenção ao valor individual e canaliza o mesmo em prol do conjunto, e claro que ter um Fofão ajuda.

Gabi aos vinte e poucos anos, já está prestes a perder o “status” de promessa. Ela é bem real! Natália fez “a melhor temporada desde 2010” (usando as palavras dela). Verdade! Juciely se esbaldou na rede bloqueou e com ataques seguros fez a diferença. Carol também, discretamente tomou conta da rede e fez pontos importantes. Afinal parar Adenízia e principalmente Thaisa não é tarefa das mais fáceis. Regiane parece uma “formiguinha operária”, pouco aparece mas sem ela as coisas não funcionam, seu sentimento de grupo é incrível.

E por fim Fabi! Alguém ainda duvida que ela é nossa melhor líbero?

Foto: globoesporte.com

O décimo título do Rio não é uma surpresa, mas se engana achando que os 3x0 (25/21, 25/23 e 25/19) foram fáceis. O Osasco tentou, Luizomar ainda no primeiro set começou a fazer alterações buscando a melhor formação. Certamente os gestores e a comissão técnica do Osasco vão “revisar” a temporada. Os indicadores devem dar algumas respostas. Não quero teorizar nada!  Mas quem sabe pensar fora da caixinha?

Vai começar a temporada da seleção e 2016 é o um ano olímpico! A Olímpiada bate à porta e com ela chega toda uma pressão, mas esse é assunto para outro post.


Agora é parabenizar o Rio de Janeiro pelo seu décimo título!

domingo, 12 de outubro de 2014

:: O VALOR DE UM PÓDIO

As reações foram diversas (de novo) e volto a me perguntar o porquê dessa “onda pessimista”, o Brasil perdeu uma semifinal para o atual bi-vice-campeão olímpico.

As americanas passaram praticamente uma década sendo “freguesas” do Brasil em momentos decisivos. Temos que reconhecer a superioridade do adversário, melhor... temos que reconhecer a evolução das americanas.

O vôlei é o esporte que mais trouxe títulos ao Brasil nos últimos 25 anos. Com a Seleção Feminina de Vôlei (SFV) de 2004 até hoje foram: 2 medalhas olímpicas de ouro, 2 finais de mundial (2 vices), 5 títulos do Grand Prix, 4 títulos do Mountrex, 2 finais de pan-americano (1 ouro, 1 prata), 3 finais de Copa do Mundo, 6 títulos sul-americano e 3 finais em World Grand Champions e mais outros bons resultados.

Vale ainda o registro que a SFV é semifinalista em jogos olímpicos desde Barcelona (1992), ou seja, estamos entre os quatro melhores a seis olimpíadas. Acha isso pouco?

A base atual da SFV sempre esteve no TOP 5 das principais competições. Isso não pode ser considerado fracasso. Existe um trabalho!

FOTO: FIVB

O Brasil perdeu em quadra para os Estados Unidos, na bola. Do Mundial de 2010, para esse de 2014 só o Brasil permaneceu no pódio. O terceiro lugar não desmerece, mas traz importantes lições. SIM! Lições!

Faço aqui um elogio as meninas que após a eliminação, foram coerentes nas declarações, maduras, assumindo a responsabilidade e reconhecendo que existe muito a ser melhorado.

O que não dá é sair culpando a arbitragem! Isso é desculpa!

As atletas que formam essa equipe é o que diferencia o Brasil. Thaisa, Fabiana, Jaqueline, Dani Lins e principalmente Sheilla. A soma desses valores fazem do Brasil favorito em todas as competições.

Mesmo sem o título, o Brasil segue sendo referencia, é parâmetro para o mundo. Vamos valorizar esse pódio. Esse é o caminho, apesar do revés, confesso que minha expectativa para Rio 2016 não mudou. Brasil é um dos favoritos!


Nós já vimos essas meninas saírem de situações piores! 


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

:: O VALOR DE UM VICE

Confesso logo de cara que não consigo entender a “onda pessimista” que se instalou após a derrota do Brasil na final do Mundial. O Brasil perdeu por 3x1 para a Polônia (25x18, 22x25, 23x25 e 22x25), foi a quarta final consecutiva em mundiais.

Não dá para vencer sempre!

O vôlei masculino nos acostumou muito mal. A soberania desses quase 14 anos nos deixou exigentes, um vice, uma prata é visto por alguns como fracasso.

Eu não acho! Nesse período foram 3 finais olímpicas (1 ouro e 2 pratas), 4 finais em mundiais (tri-campeonato, 1 vice), 8 ligas mundiais, 3 copas do mundo, 2 pan-americanos.... e muito mais.

O time do início do trabalho para hoje mudou completamente, e segue se renovando, segue aparecendo novos talentos, e ainda sim o Brasil não sai do pódio das competições mais importantes.

Isso é fracasso? Isso é trabalho, isso é planejamento, isso é sucesso!

Fonte imagem: Twitter @FIVBMensWCH
Percebi nos torcedores que acompanham mais de perto o vôlei, um misto de conformismo com uma ânsia de mudança total, naqueles torcedores que veem os jogos do Brasil esporadicamente, (vamos colocar assim) uma aceitação melhor do resultado.

Achei que seria o inverso.

Acho que o 7x1 da Copa jogou uma sensação no ar tipo, “nada pode ser mais humilhante. O Brasil perdeu em pé, na bola. Um resultado absolutamente normal, a Polônia não é azarão.

Quem viu o início desse ciclo, quem viu essa equipe no início da Liga Mundial desse ano, concorda comigo.... o Brasil parecia outro nesse Mundial.

Gosto de uma frase de Bernardinho: “Trabalhe para resistir e responder à altura a todos esses novos desafios”.

Esse é o caminho, apesar do revés na final, confesso que minha expectativa para Rio 2016 melhorou! Sim eu tinha dúvidas!

O Brasil pode não ter o melhor atacante, o melhor levantador, o melhor líbero, o melhor oposto, mas enquanto equipe, time.... pode bater qualquer seleção do mundo, o conjunto é determinante.

E mais, o Brasil tem um diferencial importante: Bernardinho e sua competente comissão técnica.

Mesmo com esse vice e  com todas essas questões fora da quadra, o Brasil é referencia, é parâmetro para o mundo.

Isso não é fracasso!

Como declarou o Bernadinho: “É uma lição”!

Agora é aprender com isso e recomeçar, em 2015 tem Pan e em 2016 tem Olimpíada.


A história do vôlei brasileiro já nos ensinou “jamais duvidem de um time treinado pelo Bernardinho”!

Cristine Vigato Sepini