sábado, 19 de novembro de 2011

:: O SONHO NÃO ACABOU


O sonho de ser Bi em Londres não acabou, mas vamos encarar a realidade. O caminho que já não era fácil ficou ainda mais difícil. Ganhar uma medalha de ouro, dentre outras coisas significa se submeter a uma jornada árdua e longa, onde os envolvidos são diariamente submetidos a escolhas difíceis.

“Escrevi um poema na areia
Cheio de nuanças
E de contratempos,
Ora inspirado pelo mar
Ora trazido pelo vento.
...”

A Copa do Mundo não traz apenas o gosto amargo da decepção por não garantir a vaga, isso é conseqüência. Traz valiosas reflexões e lições. Estampa o atual cenário do voley feminino, e coloca o Brasil não mais como a potência a ser batida, mas como mais um na briga. As ondas nos trouxeram um novo caminho para percorrer.

“...
As ondas rebateram
Exigindo também o seu lugar,
Nem que fosse ao lado
Do ponto máximo do fim
...”

Assimilar as lições, tirar algo produtivo das reflexões não podem fazer o Brasil entrar em um círculo vicioso, onde assimilar uma derrota ou um mal resultado, termine em um problema. Incompreensível será ver nossas meninas sucumbirem aos obstáculos. Elas são mais fortes e destemidas do que julgamos serem.

“...
As gaivotas sobrevoaram
Em círculos provocantes;
Enciumadas de contemplação,
Pousaram sobre palavras-chaves,
Tornando meus versos incompreensíveis.
...”

Talvez seja nesse momento necessário que individualmente cada uma busque o entendimento. Porque estando no olho do furacão a única imagem que se consegue projetar é muitas vezes do desespero. E nem sempre a resposta, é só revolta. Se enfurecer não adianta, pois isso cega, deixando fora de foco o objetivo.

“...
A noite foi surgindo sem pressa,
Permitindo que eu terminasse;
Mas a lua, cheia de inveja,
Se negou a iluminar.

Ela enfeitiçou o mar
Que sob seu encanto libertou a maré;
Enfurecido, eu a agredi em vão...
...”

 Brasil se despediu da Copa do Mundo com  vitória (Foto: FIVB / Divulgação)

Em uma jornada árdua como essa, é imprescindível que todos sejam tirados da sua zona de conforto sistematicamente. Isso leva a novos anseios, renova desejos. As ondas que antes nos deram outro caminho, podem muito bem nos trazerem de volta. O Brasil precisa se permitir a isso.

“...
No dia seguinte, cabisbaixo,
Retornei à praia
Para ver o que tinha restado:
As ondas estavam calmas
E as gaivotas sobrevoavam felizes.
...”

Há sonhos que valem ser “re-sonhados”,  a jornada longa passa por caminhos difíceis, onde faz com que caminhemos lentamente, observando o que esta em nossa volta, e provocando instintivamente em cada um a mudança necessária para os novos desafios. Os atalhos muitas vezes queimam etapas.

“...
Caminhei lentamente pela areia
Quando, de súbito, meu olhar se aviltou
- Apenas uma frase o mar me deixou:
O sonho não acabou. “

Eu não desisti de torcer, porque vejo nelas o empenho de continuar a lutar. Não existe vitória sem dor, não existe conquista, sem dedicação, não existe o céu sem o inferno. O sonho não acabou!!


*Poema de Agamenon Troyan, “O sonho não acabou”.