quinta-feira, 30 de julho de 2015

:: TODA UNANIMIDADE É BURRA

A frase que dá título ao texto é de Nelson Rodrigues, famoso dramaturgo brasileiro. Embora muitos digam que ele se baseou na obra de Nietzsche, prefiro interpreta-la como sendo que nada é absoluto, muito menos a unanimidade.

Quando você faz sucesso, quando colhe bons frutos, quando se torna parâmetro para uma determinada coisa.... você se vê nessa situação: de ser praticamente uma unanimidade.

Vejamos alguns exemplos: Fernanda Montenegro é praticamente unanimidade, Ayrton Senna também. A seleção de 70 do tri. A Glória Pires é não é? A Ivete Sangalo pode ser considerada também, afinal quem não gosta dela? Vejamos mais: Pelé, rei do futebol, O Rei Roberto Carlos, Xuxa, rainha dos baixinhos, Daniela Mercury, rainha do axé, Hortência, a rainha do basquete ... a são muitos reis e rainhas e nem vivemos numa Monarquia.

Sabe outra personalidade que costumava ser uma unanimidade: Bernardinho.



Posso estar enganada, mas de imediato não me lembro de outro técnico que tenha ganho esse status de forma tão clara.

Bernardinho virou sinônimo para muitos aspectos do esporte: planejamento, audácia, trabalho, vitória, conjunto, time, equipe, títulos, medalhas, recordes, excelência, expertise, motivação, parâmetro..... a lista é longa.

O que me faz lembra de Felipão! SIM !!!!!! Felipão.

Felipão quando foi para a Copa de 2002, foi segundo os especialistas da época “para cumprir tabela”, teve peito de não levar o Romário, mas bancou o Ronaldo Fenômeno, criou a Família Scolari, voltou de lá com o título.

Mais de 10 depois ele tentou usar a mesma fórmula, assim disseram os especialistas. Criou a Família Scolari versão 2014. Barrou Ronaldinho Gaúcho e Kaká, depositou sua confiança em Neymar e em nomes menos conhecidos e temos agora “7 x 1” para chamar de nosso.

Do céu ao inferno!

Querem fazer o mesmo com o Bernardinho.

“Desastre anunciado”

“Panelinha de puxa-sacos”

“Muito marketing, e pouco vôlei”

Os elogios se foram! Sua competência (sempre enaltecida) agora é questionada sem pestanejar. Dá escalação, aos cortes de atletas. Suas declarações são questionadas, sua altivez ao lado da quadra já não agrada mais.

Bernardinho ao olhos de quem o elogiava, HOJE já não é parâmetro para (quase) nada.

"Embora não concorde com nenhuma das palavras que estais dizendo, hei de lutar até a morte para que tenhais o direito de as dizer", a frase de O Águia de Haia remete a tolerância.

Vejam, eu não considero um “problema” criticar a campanha da Liga Mundial, ou até mesmo do Pan de Toronto, o “problema” (na minha concepção) está nesse discurso retirado de algum episódio de The Walking Dead.

Não consigo prospectar esse desastre todo, muito menos creditar ao Bernardinho todo esses revezes que a Seleção Masculina vem tendo. Não se enganem, eu discordo de algumas decisões dele.

Mas por onde anda a tolerância de parte dos especialistas? Incluo aqui também parte da torcida, onde está?

Onde está aquela confiança dada a ele nos áureos tempos? Para onde ela foi?

Caiu por terra exatamente quando? Foi em Londres, ou na última Liga Mundial?

Você pode estar pensado: “Faltando 1 ano para a Olimpíada, ela vem falar de tolerância?”



Sim eu venho! Venho porque como eu disse acima, não consigo vislumbrar que em 2016 faremos feio em casa. Porque se tem uma coisa da qual eu tenho certeza, é que aquele “7 x 1” é muito mais de que uma lição. Aliás uma lição velha para o voleibol brasileiro.

Bernardinho é da geração de prata, era ele o técnico da Seleção Feminina no Mundial de 1994, e de Atlanta em 1997. Era ele também o técnico da Seleção Masculina no Pan de Santo Domingo.

A única coisa que consigo projetar para 2016, é que veremos um Bernardinho (e seus comandados) dando a vida, para fazer do Rio de Janeiro o palco de encerramento de um ciclo vitorioso para o vôlei masculino.


Nesses anos todo aprendi uma coisa: não se deve duvidar de uma equipe treinada pelo Bernardinho.

Obs.: Todas as imagens que ilustram texto foram inseridas em forma de links, estando disponíveis na web.