sexta-feira, 13 de julho de 2012

:: Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é

Vamos exercer aqui o que mais se tem feito nesses dias onde as equipes para Londres estão sendo definidas: o exercício do achismo, a “achismologia”, uma nova “ciência” que esta sendo exercida por todos sem qualquer compromisso.

A frase que dá título ao texto foi retirada da canção “O Dom de Iludir” de Caetano Veloso. Por conta desses dias tumultuados, vamos a algumas reflexões. Do que foi dito e não dito; feito e desfeito; escrito, descrito, editado e apagado; as juras feitas; as promessas quebradas....  TUDO que vimos e ouvimos

Vamos pensando na maestria deste trecho da canção de Caetano. Quantas vezes não somos persuadidos e confrontados a mudar nosso jeito de ser, como se tivéssemos que anular a nós mesmos, descaracterizando nosso eu; como se fossemos seres com defeito de fabricação, não dignos de merecer algo, criticados por não ter determinada virtude ou comportamento, açoitados pela necessidade de seguir um padrão de domesticação que não tem nada a ver com o que queremos.

Caetano tem razão, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Não há maior liberdade do que ser nós mesmos, com delícias e dores. Mas e o preço a se pagar por ser livre? Ir contra o pré-estabelecido? Desafiar os costumes? Quebrar paradigmas? Impor suas vontades e/ou desejos?

Por isso vamos à outra máxima: “Cada escolha implica em uma renúncia”, mais do que outra frase solta trata-se de uma doutrina filosófica. Me explicou o Wikipédia: “A existência do livre-arbítrio tem sido uma questão central na história da filosofia e na história da ciência. O conceito de livre-arbítrio tem implicações religiosas, morais, psicológicas e científicas. Por exemplo, no domínio religioso o livre-arbítrio pode implicar que uma divindade onipotente não imponha seu poder sobre a vontade e as escolhas individuais. Em ética, o livre-arbítrio pode implicar que os indivíduos possam ser considerados moralmente responsáveis pelas suas ações. Em psicologia, ele implica que a mente controla certas ações do corpo.” Ufa! Complexo né!

Mas tem uma frase de um poeta português, que é profética. Fernando Pessoa disse:  “navegar é preciso, viver não é preciso”. Pessoa ao mesmo tempo em que lança uma sentença sobre a condição do homem, dialoga ricamente com a tradição histórica dos portugueses na exploração dos mares.

Três frases, três pensadores a mesma essência: somos julgados o tempo todo por nossas ações, escolhas, atitudes. Julgam-nos por nossos dogmas religiosos, por nossas escolhas afetivas, pela cor da nossa pele, pelos erros que cometemos e pelos acertos também.

Vivemos o tempo todo sob a sombra da expectativa do outro. Somos pegos moldando nossas ações em virtude do que o outro vai achar. Às vezes nos surpreendemos quando o outro não aceita/concorda com nossas decisões. Como se precisássemos de um aval.

Se na infância nos entregamos aos acontecimentos da vida, vivendo sem o compromisso de nos adequar ao que o outro quer, no decorre dos anos, deixamos de ser tão ingênuos, e a vida trata de nos ensinar que temos que ser expertos, camaleões para viver.

É melhor quando resgatamos um pouco da ingenuidade infantil. A letra da música de Caetano continua “você está, você é, você faz, você quer, você tem”. Somos responsáveis por estar, ser, fazer, querer, e ter, o que deseja.  Sendo o melhor e/ou o pior em nossas vidas a felicidade esta em nossas mãos!

As escolhas foram feitas, o expediente do livre-arbítrio foi usado, decisões foram tomadas. Não agradaram a todos e nem agradaria. A cada personagem dessa história caberá responder por seus atos, o tempo cuidará que tudo ao seu compasso se acomode e tome na história a importância que deve ter.


A jornada profissional dos cortados das seleções de vôlei para defender o Brasil em Londres, foi construída por suas escolhas, por suas atitudes e por suas ações. Se eles vivem bem com elas não é problema nosso.

Só eles sabem a dor e a delícia que foi construir a sua trajetória, só eles sabem o que tiverem de renunciar para viver o sonho e o quão turbulentas essas águas podem ser ao escolher navega-las.

A todos fica nosso respeito e nossa admiração. Aos que encerram um ciclo o nosso muito obrigado por terem defendido nosso país, e nunca desonra-lo. Aos que ainda tem lenha para queimar digo: “força”... serão recompensados no fim pela dedicação.

Aos que acham que o fim foi bucólico ou decepcionante deixo mais uma citação: “Se um sonho cair e se quebrar em mil partes, não tenha medo de pegar uma delas e começar novamente.” Mesmo que seja um novo começo de um novo ciclo na sua vida.

A escolha de ser livre é sempre sua!

Nenhum comentário:

Postar um comentário