Vamos exercer aqui o que mais se
tem feito nesses dias onde as equipes para Londres estão sendo definidas: o
exercício do achismo, a “achismologia”, uma nova “ciência” que esta sendo exercida
por todos sem qualquer compromisso.
A frase que dá título ao texto
foi retirada da canção “O Dom de Iludir” de Caetano Veloso. Por conta desses
dias tumultuados, vamos a algumas reflexões. Do que foi dito e não dito; feito
e desfeito; escrito, descrito, editado e apagado; as juras feitas; as promessas
quebradas.... TUDO que vimos e ouvimos
Vamos pensando na maestria deste
trecho da canção de Caetano. Quantas vezes não somos persuadidos e confrontados
a mudar nosso jeito de ser, como se tivéssemos que anular a nós mesmos, descaracterizando
nosso eu; como se fossemos seres com defeito de fabricação, não dignos de
merecer algo, criticados por não ter determinada virtude ou comportamento,
açoitados pela necessidade de seguir um padrão de domesticação que não tem nada
a ver com o que queremos.
Caetano tem razão, "cada um
sabe a dor e a delícia de ser o que é". Não há maior liberdade do que ser
nós mesmos, com delícias e dores. Mas e o preço a se pagar por ser livre? Ir
contra o pré-estabelecido? Desafiar os costumes? Quebrar paradigmas? Impor suas
vontades e/ou desejos?
Por isso vamos à outra máxima:
“Cada escolha implica em uma renúncia”, mais do que outra frase solta trata-se
de uma doutrina filosófica. Me explicou o Wikipédia: “A existência do
livre-arbítrio tem sido uma questão central na história da filosofia e
na história da ciência. O conceito de livre-arbítrio tem implicações religiosas, morais, psicológicas
e científicas. Por exemplo, no domínio religioso o livre-arbítrio pode
implicar que uma divindade onipotente não imponha seu poder sobre a
vontade e as escolhas individuais. Em ética, o livre-arbítrio pode
implicar que os indivíduos possam ser considerados moralmente responsáveis
pelas suas ações. Em psicologia, ele implica que a mente controla certas
ações do corpo.” Ufa! Complexo né!
Mas tem uma frase de um poeta português,
que é profética. Fernando Pessoa disse: “navegar é preciso, viver não é preciso”.
Pessoa ao mesmo tempo em que lança uma sentença sobre a condição do homem,
dialoga ricamente com a tradição histórica dos portugueses na exploração dos
mares.
Três frases, três pensadores a
mesma essência: somos julgados o tempo todo por nossas ações, escolhas,
atitudes. Julgam-nos por nossos dogmas religiosos, por nossas escolhas
afetivas, pela cor da nossa pele, pelos erros que cometemos e pelos acertos
também.
Vivemos o tempo todo sob a sombra
da expectativa do outro. Somos pegos moldando nossas ações em virtude do que o
outro vai achar. Às vezes nos surpreendemos quando o outro não aceita/concorda
com nossas decisões. Como se precisássemos de um aval.
Se na infância nos entregamos aos
acontecimentos da vida, vivendo sem o compromisso de nos adequar ao que o outro
quer, no decorre dos anos, deixamos de ser tão ingênuos, e a vida trata de nos
ensinar que temos que ser expertos, camaleões para viver.
É melhor quando resgatamos um
pouco da ingenuidade infantil. A letra da música de Caetano continua “você
está, você é, você faz, você quer, você tem”. Somos responsáveis por estar,
ser, fazer, querer, e ter, o que deseja.
Sendo o melhor e/ou o pior em nossas vidas a felicidade esta em nossas
mãos!
As escolhas foram feitas, o
expediente do livre-arbítrio foi usado, decisões foram tomadas. Não agradaram a
todos e nem agradaria. A cada personagem dessa história caberá responder por
seus atos, o tempo cuidará que tudo ao seu compasso se acomode e tome na
história a importância que deve ter.
A jornada profissional dos
cortados das seleções de vôlei para defender o Brasil em Londres, foi
construída por suas escolhas, por suas atitudes e por suas ações. Se eles vivem
bem com elas não é problema nosso.
Só eles sabem a dor e a delícia
que foi construir a sua trajetória, só eles sabem o que tiverem de renunciar
para viver o sonho e o quão turbulentas essas águas podem ser ao escolher
navega-las.
A todos fica nosso respeito e nossa
admiração. Aos que encerram um ciclo o nosso muito obrigado por terem defendido
nosso país, e nunca desonra-lo. Aos que ainda tem lenha para queimar digo: “força”...
serão recompensados no fim pela dedicação.
Aos que acham que o fim foi
bucólico ou decepcionante deixo mais uma citação: “Se um sonho cair e se
quebrar em mil partes, não tenha medo de pegar uma delas e começar novamente.”
Mesmo que seja um novo começo de um novo ciclo na sua vida.
A escolha de ser livre é sempre
sua!
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